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24-08-2004

As cassetes subtraídas ( ou roubadas?)


Editorial

O caso Casa Pia, para além do triste abuso de crianças, que encerra e da depravação e da podridão que mostrou sobre algumas figuras públicas, vai servindo também como barómetro de muitos aspectos nefastos da nossa sociedade.
Aconteceu agora também no jornalismo com o caso das cassetes roubadas.
Confesso que, de férias, não liguei importância a umas notas escritas sobre umas quantas cassetes roubadas e à demissão de um chefe da judiciária. Em Portugal fica sempre bem demitir alguém e arranjar um bode expiatório. Poupa-se uma investigação mais séria sobre os factos e já temos um culpado. Enganei-me….
O caso era bastante mais profundo e complicado do que eu imaginava. Desta vez, atingiu, direitinho, a classe dos jornalistas, que sai tão ou mais enlameada do que o próprio demitido chefe da judiciária.
Por uma vez, pudemos perceber que o jornalismo de investigação português, salvo honrosas excepções, como curiosamente a da jornalista Felícia Cabrita que deu origem ao caso casa Pia, é normalmente feito de palpites, anonimatos cúmplices e de conversas fora da lei ao telefone.
Este tipo de investigação jornalística, que cada vez mais alguns directores de jornais deixam publicar, não passa no essencial daquilo a que o povo chama, e com razão, coscuvilhice.
No fundo, este tipo de investigação é a mera gestão da bisbilhotice alheia bem colocada nas instituições do poder político ou judicial.
Sabemos do péssimo hábito bem português de dizer mal a outro, pelo que o jornalista, muitas vezes nada mais faz do que aproveitar a veia de escritor e contador de histórias que existe em cada nacional.
Mas este jornalismo de perversas seduções e manipulativas habilidades que dá caixas fáceis e sensacionalismos instantâneos tem o pior dos contras.
Como se viu neste caso, os jornalistas também acabam usados pelos polícias ou magistrados para a investigação policial. O jornalista, que anda entretido na sua investigação de faz de conta, é, no fundo, um imprudente moço de recados, alvo também de manipulações diversas.
Andam todos atarefados em passar mensagens como qualquer adolescente faz com as actuais sms dos telemóveis. É nesta teia de interesses e habilidades que parece fazer-se a investigação em Portugal e como em Portugal o que parece é….Nada de mais errado.
É, portanto, fundamental, e pelo que vamos vendo necessário apostar num jornalismo mais rigoroso obrigando-se a utilizar, de forma apertada e exigente, as chamadas fontes anónimas - que hoje são a regra, e não a excepção - nos jornais.
Este tipo de jornalismo é também um sinónimo de atraso e terceiro-mundismo. Disso não tenhamos qualquer dúvida:
Mas se falei em jornais a Televisão não escapa e tem uma quota-parte de culpa, tão ou mais importante que a imprensa escrita. Também neste caso vejam-se as reportagens e os directos exageradíssimos que se fizeram, e se continuam a mostrar, do caso casa Pia. Quase que faltou entrevistar em directo o gato da vizinha que morava ao lado da parente em 3º grau de um dos arguidos que nem sabemos se será culpado.
E aqueles programas tipo Big Brother que mais não são que a coscuvilhice e o mexerico em doses maciças?
O resultado destes excessos foi a recente tentativa de suicídio, conforme impressionado pude ler na Visão desta semana, do simpático e famoso guardador de galinhas, Zé Maria.
Este, segundo a revista, deve a vida a dois GNRs, pois ia cometendo uma loucura porque não estava preparado para lidar com o lado negro da fama imposta e com os abutres que sempre rodam os ilustres à força. A chamada auto-regulação que deveria limitar estes excessos não está a funcionar e a educação do povo que deveria ser o seu travão parece bastante curta. Só a educação pode resolver este problema.
É tanta a lama que este processo Casa Pia nos continua a atirar para cima que só falta no final apresentarem-nos a conta e dizer que tudo não passou de um tratamento de beleza numa moderna estância de SPA.

António Granjeia*

*Administrador do Jornal da Bairrada



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